
«It’s the most wondeful time of the year!» ouve-se numa canção, daquelas que tocam sempre nesta altura do ano, quando os calendários marcam “Dezembro” e as ruas ficam enfeitadas com muitas luzes…e nas lojas começa um frenesim único, inigualável, que transborda para as ruas (pelo menos das grandes cidades) provocando engarrafamentos e filas intermináveis. É o Natal! A canção diz que é a época mais maravilhosa do ano…e sem dúvida que no imaginário coletivo assim é! Fechamos os olhos e o espirito do Natal apodera-se de nós…e sentimos que este é o tempo da concórdia, da paz e da amizade sem fim. De luzes e alegria. De crianças felizes em famílias perfeitas com avós, tios e primos sentados a uma mesa farta, à beira da lareira, a abrirem presentes com sorrisos estampados na cara enquanto na rua a neve vai caindo…acordamos do sonho nesta altura precisamente, quando percebemos que na grande parte das nossas cidades, vilas e aldeias a neve nem sequer vai cair. A palavra «perfeita», sempre excessiva, aplicada às famílias nesta quadra ainda se torna mais inacessível. Nem a nossa nem nenhuma família é perfeita!!!
E aos poucos «a época mais maravilhosa do ano» que está na canção, vai-se desmoronando…mergulhados na vida real percebemos que o consumismo desenfreado rima pouco com o espirito de solidariedade que embrulha a época. Parece até que que põe mais a descoberto quem não tem casa, nem família, nem dinheiro…e os outros, os que podem ter uma ceia de Natal como manda-o-figurino, enrolam-se em stresses de filas de centros comerciais tentado colmatar listas de presentes que tantas vezes acabam por substituir a “alegria” pela “obrigação” de dar.
Tudo isto me faz (eu arriscaria mesmo escrever «nos faz») ter mixed feelings! Claro que não quero perder a magia do Natal (seja lá o que isso for). Não posso ser o Sr. Scrooge do famoso conto de Charles Dickens. Mas também não quero ser fantasiosa e assentar as expectativas sobre a noite de Natal, em cenas retiradas de um anúncio de uma cadeia de supermercados que não têm correspondência com a vida como ela é! Mixed feelings!
Olhando para a razão de ser desta data, percebe-se que para quem é cristão (sem entrar em discussões de índole religiosa que não são para aqui chamadas) o Natal é muito mais simples de entender. É, naturalmente, celebrar o nascimento do Menino Jesus com tudo o que isso implica…e aí residem todas as coisas que podem tornar, efetivamente, o Natal no tempo mais maravilhoso do ano, como diz a canção…
It’s the most wonderful time of the year – Andy Williams