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06 julho, 2021
3 mins
Mixed Feelings

O Tempo...

Onde está aquele «tempo» que nos parecia eterno quando éramos miúdos e chegávamos, por exemplo, às férias de verão, às chamadas ?férias grandes? por parecerem tão grandes...às vezes até nos apetecia chamá-las de ?férias intermináveis?, bufando fartinhos de estar de papo-para-o-ar e ansiando a chegada de mais um ano letivo.
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Time is what you make of it...este novo slogan, de uma conhecida marca de relógios, fez-me olhar de novo para a montra da loja, e fixar-me sobre essa verdade: de facto o tempo é aquilo que fazemos dele. Sempre defendi isso! Mas lido assim, escrito por algum markteer importante de uma prestigiada marca, tem outro peso.
Uma frase recorrente na boca de todos nós: «não tenho tempo...». E realmente parece que o tempo voa nestes dias. Bom, mas a verdade é que o tempo é o mesmo de sempre: o dia continua a ter 24 horas e cada hora 60 minutos. Então de onde vem esta perceção que o tempo agora passa mais depressa do que antigamente? Não tem esta sensação? Eu tenho, e toda a gente à minha volta também, quer sejam novos ou mais velhos. Onde está aquele «tempo» que nos parecia eterno quando éramos miúdos e chegávamos, por exemplo, às férias de verão, às chamadas “férias grandes” por parecerem tão grandes...às vezes até nos apetecia chamá-las de “férias intermináveis”, bufando fartinhos de estar de papo-para-o-ar e ansiando a chegada de mais um ano letivo. As novas gerações não fazem ideia do que isso seja. Agora o tempo não chega para nada! Para ninguém! E porquê? Porque são mil as solicitações que nos chegam, vindas de todos os lados, de coisas válidas e coisas sem importância. E tudo metido no mesmo saco, no saco da nossa vida, que de tão cheio nos pesa e por isso tantas vezes o arrastamos...vivemos sem tempo para apreciar o tempo que nos é dado viver. Que pena! E ainda mais pena me faz quando vejo pessoas recusarem aquilo que realmente importa e acrescenta, alegando falta de tempo. Numa linguagem redundante digo que há muito tempo que essa conversa da falta de tempo, vinda dos outros, não me convence e é para mim apenas uma desculpa.  Tento sempre, eu própria, nunca usar esse pretexto para dizer “não” ao que os outros me pedem para fazer 
Não nos deixemos enganar. Na mesma no meio do turbilhão das coisas o tempo é aquilo que fazemos dele. Não vale dizer «não tive tempo para isto ou para aquilo…» porque tudo é uma questão de hierarquia e prioridade. Eu só faço, a minha cabeça só manda fazer, o coração só deixa que se faça,  aquilo que para mim é importante, mesmo que seja ao nível do inconsciente. Vale a pena, antes de dizer que “não tenho tempo para isso” pensar onde gasto o meu tempo, onde passo os meus dias, com quem, a fazer o quê? Tenho tempo para os outros ou atafulho a minha vida com mil atividades que não deixam tempo para o essencial? O que é afinal essencial para mim? Algumas coisas e pessoas à minha volta merecem o meu tempo. Para eles eu devia ter todo o tempo do mundo...
 

Todo o Tempo do Mundo - Valéria Carvalho

 

Dora Isabel