
O desafio que nos é lançado obedece a um desejo de viver na segunda realidade. Mas o que a vida nos vai mostrando é que passamos muito tempo nesta linha dancante entre o fugir e o alcançar.
Todos somos diferentes. Há quem meta na cabeça que não se foge de nada. Mas nem sempre é possível. Existe a fuga por medo, existe a fuga por preguiça e comodismo, a fuga por egoísmo ou a fuga por inconsciência. Às vezes é mais fácil fugir de um problema do que enfrentá-lo. Todos nós já passámos por isso, já vivemos esse jogo.
Há quem pegue o touro de caras, outros de cernelha. Há quem nem sequer se atreva a pôr os pés na praça.
Já muitas vezes disse a mim próprio: eu não posso fugir de nada. Embora seja um confronto pessoal muitas vezes exigente, quero desafiar-me constantemente a ir ao encontro. Porque uma vez alcançado o merecido porto seguro de um lugar protegido, começamos a entender que vale a pena todo o caminho que se percorre até lá.
Será talvez uma tarefa interessante, esta de perceber quem foge e quem vai ao encontro. Notaremos no olhar e essencialmente nos gestos. Podemos sempre começar por olhar para dentro, para que possamos promover e saibamos viver numa sociedade onde são muitos mais os que estão a caminho dos bons lugares do que aqueles que estão em fuga.