Ouça a Smooth FM em qualquer lado.
Faça o download da App.
23 abril 2024
08:04
Redação / Agência Lusa

Peritos pretendem propor ao Governo criação do Programa de Vacinação para adultos

Peritos pretendem propor ao Governo criação do Programa de Vacinação para adultos
Medida visa combater as mortes prematuras.

Um grupo de peritos pretende propor ao Ministério da Saúde a criação do Programa Nacional de Vacinação para Adultos para permitir que os portugueses vivam "mais e melhor", reduzindo a elevada mortalidade prematura registada no país.

"Estamos a falar da criação e gestão de um Programa Nacional de Vacinação para adultos que não existe" em Portugal, adiantou hoje à agência Lusa o presidente da Sociedade Portuguesa de Saúde Pública (SPSP), Francisco George.

O antigo diretor-geral da Saúde é um dos coordenadores do projeto +Longevidade, um `think thank´ lançado pelo NOVA Center for Global Health, laboratório de investigação aplicada da NOVA Information Management School (NOVA IMS).

"Antes de mais, é preciso reconhecer que há muitos portugueses que morrem antes de tempo, que morrem prematuramente. Em 2023, em termos proporcionais, 20% daqueles que morreram não tinham 70 anos de idade", salientou Francisco George.


Segundo Francisco George, uma parte significativa das causas que antecipam o final da vida deve-se a doenças infecciosas, que são hoje, ao contrário do passado, evitáveis pela vacinação, sobretudo com as novas vacinas com tecnologias muito recentes e que têm, além de segurança confirmada, uma função protetora importante.

"Há aqui uma janela de oportunidade, através dos avanços tecnológicos na preparação de vacinas, para protegermos os adultos e fazer com que a mortalidade antes do tempo diminua e cada vez mais possamos viver mais tempo e melhor", explicou o presidente da SPSP.

De acordo com o ex-responsável da Direção-Geral da Saúde, as despesas associadas à aquisição destas vacinas seriam sempre compensadas com a diminuição dos custos relacionados com os casos de doenças, de hospitalização e de cuidados intensivos.

Francisco George - Benefícios do Programa Vacinação para Adultos


Este grupo de especialistas está a centrar a sua atenção, em particular, nas doenças respiratórias que podem evoluir de forma muito grave em quem não está vacinado, caso da gripe, da pneumonia e das infeções pelo vírus sincicial respiratório (VSR).

"A vacinação contra a gripe, quer com a vacina clássica, quer, nos mais idosos, com a chamada vacina de alta dose, é muito eficaz para prevenir as complicações que são traduzidas pelo internamento hospitalar e pela admissão em cuidados intensivos", referiu um dos coordenadores do +Longevidade.

O mesmo se passa, de acordo com Francisco George, em relação à pneumonia, alegando que atualmente existem "excelentes vacinas que são indicadas em adultos para evitar os problemas devidos à pneumonia de origem bacteriana".

"Mas também há outras infeções respiratórias, como a provocada pelo vírus sincicial respiratório, que dispõem de vacinas que são muito eficazes", assegurou o médico.



O trabalho que está a ser desenvolvido neste centro da Universidade Nova junta peritos de várias especialidades, como medicina, epidemiologia e ciências farmacêuticas, entre outras, "no sentido de perceber, sem mais gastos para o Orçamento do Estado, o que pode ser feito para prolongar e melhorar a vida dos portugueses", disse.

"Temos uma excelente experiência, desde 1965, com o Programa Nacional de Vacinação - o calendário para as crianças -, mas agora estamos a falar dos adultos", salientou Francisco George, ao adiantar que esta é uma reflexão fundada cientificamente com objetivo de propor um novo programa ao Ministério da Saúde.

O grupo de especialistas está a analisar dados comparativos, em termos de ação e de resultados, em vários países europeus e nos Estados Unidos da América.

"A população portuguesa, ao contrário do que acontece em outros países europeus, como França e Itália, de uma maneira genérica adere aos programas de vacinação", considerou o presidente da associação, para quem o objetivo central deste trabalho é contribuir para a população "viver mais, mas também melhor" ao longo da vida.

Segundo os indicadores divulgados pela NOVA IMS, Portugal é o sexto país da OCDE com maior esperança média de vida após os 65 anos, mas está na quarta pior posição se considerados os anos de vida efetivamente saudáveis.

Mais Notícias