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Destaques

Ageas CoolJazz - 20 anos, 20 histórias

Ao longo de 20 dias, vamos dar a conhecer 20 histórias de bastidores do festival que faz 20 anos, pela voz da CEO da Live Experiences e promotora, Karla Campos, à conversa com Nuno Castilho de Matos.
Ageas CoolJazz - 20 anos, 20 histórias
Resultado completamente imprevisível e uma degustação especial (2004)

Em 2004, o festival acontecia entre Mafra, Sintra, Oeiras e Cascais. Na altura "desafiamos The Magnus Lindgren Jazz Quartet para uma atuação com a Barbara Hendricks, uma soprano de ópera americana". O resultado foi completamente imprevisível, pois adaptação e transformação de uma soprano às sonoridades do jazz de The Magnus Lindgren Jazz Quartet tornou o concerto ainda mais especial, explica Karla Campos. 

Nessa mesma edição, Ed Motta, um apaixonado por vinho português, tinha um pedido de vinho específico: “Incógnito”. O artista achava que vinho merecia uma degustação especial e pediu um sítio onde conseguisse ver a beleza natural de Sintra. "Então propusemos o rooftop do Centro Olga Cadaval e foi aí que o artista acabou por ficar até à hora do concerto a desfrutar da paisagem natural da zona", conta a CEO da Live Experiencies. 

A chuva de Mariza
O festival conta, desde a primeira edição, com uma noite dedicada à música portuguesa. O objetivo sempre foi apresentar "o que de melhor acontece em Portugal". Depois de 20 noites ao longo dos anos, A CEO da Live Experiences, Karla Campos, guarda uma história da segunda edição: "a Mariza ia atuar em Cascais e após soundcheck começa uma chuva muito intensa. Já no restaurante, toda a produção estava a solucionar de forma a não condicionar a experiência do público e o conforto da artista e, ao ver a preocupação de todos, um senhor idoso que estava no restaurante onde jantávamos, olhou para a mesa e indicou 'não se preocupem, em Cascais é muito raro chover em noites de verão'. A verdade é que à chegada ao recinto, a chuva parou e o resto da noite foi uma deliciosa noite de verão com um concerto único da Mariza". 
Kanye West de boca aberta
Quando Kanye West esteve em Oeiras descobriu algo bastante típico português. Conta Karla Campos que "estávamos a caminhar e vimos uma senhora na rua a vender tremoços e amendoins no largo e o artista perguntou ‘O que é aquilo?’. Respondo: 'Tremoços'. O artista devolve com: ‘Não sei o que é. Quero experimentar’". O que é certo é que Kanye West saiu de Portugal com um sabor bem português.
As manobras necessárias para ter Solomon Burke no trono
Solomon Burke, conhecido como o Rei do Rock 'N Soul e Bispo do Soul, convidou Joss Stone e subiram os dois ao palco do Parque Marechal Carmona, em Cascais, em 2010. 
"Foi um dia muito desafiante, pois devido ao excesso de peso de Solomon, todas as suas deslocações tinham de ser realizadas através de cadeira de rodas. A produção garantiu todas as necessidades de forma ao artista estar confortável, mas o momento mais impactante da noite foi a entrada de Solomon em palco: para além da reação do público, as bailarinas produziram uma encenação através de panos e lenços que cobriam grande parte do palco, de forma a que a entrada no Rei do Rock 'N Soul e Bispo do Soul fosse o mais harmoniosa possível. Solomon atuou sentado no seu trono, uma adaptação feita à cadeira de rodas no palco, que nesse dia foi também boca de cena", revela a CEO da Live Experiences, Karla Campos. 
 
O vento que deu em Caetano Veloso e Gilberto Gil (2015)
Para quem produz festivais em outdoor, muitas vezes a meteorologia é o desafio de cada dia. No concerto mítico de dois pilares da música brasileira, Caetano Veloso e Gilberto Gil – que celebravam em palco um século de música, o dia estava quente e tudo a apontar para uma noite incrível. "Com o pôr do sol e a mudança da maré, começou um vento muito forte (e algum frio) que obrigou a uma atuação imediata da produção em alterar a decoração de palco, bem como garantir que todas as medidas de segurança estavam asseguradas no recinto e até ceder mantas ao público. O concerto acabou por aquecer o coração de todos, mas ainda assim tanto Caetano como Gilberto atuaram agasalhados como de uma noite de outono se tratasse", descreve, nesta história, a CEO da Live Experiencies, Karla Campos.
A que horas aterra o avião?
Esta é uma daquelas histórias que quase que leva os nervos da produção ao limite. "Na edição de 2017 tínhamos um artista britânico para atuar: o Jake Bugg. O dia começa tudo ok, ensaios do outro artista, tudo ok. Mas o avião do Jake Bugg estava difícil de aterrar e já estávamos a pensar em todas as soluções para o caso. Acabou por aterrar, vir de urgência para palco e temos a sensação que o artista nem água bebeu antes de entrar em palco. Foi mesmo directo", conta a CEO da Live Experiences.
David Byrne e a escolha de Sara Tavares (2018)
"O David Byrne é um artista de sonho. Foi muito marcante o concerto no festival. Estava em plena digressão mundial e tivemos oportunidade de o ter em Cascais. Chegou do hotel na sua bicicleta e nunca optou por andar de carro. É uma personalidade. Inclusivamente enviamos as sugestões para artistas atuarem antes dele, e após 4 sugestões, recebemos do agente um pedido expresso do David Byrne: ele queria a Sara Tavares a atuar na mesma noite", conta-nos a CEO da Live Experiences, Karla Campos. E assim aconteceu!
Badbadnotgood e uma bola de futebol (2018)
"Temos sempre que ter no festival, artistas que ainda não são conhecidos, mas que apostamos desde a primeira hora. Os Badbadnotgood são exemplo disso. Deram um concerto memorável. A vibe era tão boa que durante a tarde não queriam mais nada: só pediram uma bola de futebol para poderem ir jogar na relva do hipódromo. Era tudo o que queriam, nem comer, nem beber, nada. Pareciam crianças felizes", descreve a CEO da Live Experiences, Karla Campos.
Tom Jones e lingerie (2019)
A CEO da Live Experiences descreve o concerto de Tom Jones, em 2019, como um "dos concertos mais impactantes e míticos que o festival já recebeu". Para além da história da sua carreira, inúmeros hits, Tom Jones é o galã de várias gerações. "A noite estava agradável, o público participativo e quando chegou a hora de Tom Jones subir a palco, a plateia foi ao rubro. Todo o concerto foi de uma energia delirante, mesmo já com alguma idade, Tom Jones fez uma performance de tal intensidade e mestria que as fãs presentes, até roupa interior lançaram para o palco. Uma memória deliciosa, pois a reação do artista foi de total simpatia e elegância ao perceber que continuava a ter aquele impacto nos fãs", conta Karla Campos. 
O conforto de John Legend (2022)
O John Legend é um dos artistas mais emblemáticos dos 20 anos de festival. Na última vez que atuou no festival, veio com toda a família. "A certa altura, durante a atuação, enquanto tocava o 'All of Me', a mulher do John Legend, a belíssima Chrissy Teigen, estava a fazer uma soneca nos sofás da zona VIP. Estava grávida, ainda era segredo e foi um momento muito ternurento", descreve Karla Campos.
Paul Anka, o homem do 'showbizz' (2022)
"Paul Anka é um senhor. Um homem do showbizz à séria. Um crooner gangsta mesmo real. Chegou ao camarim com uma mala debaixo do braço e um rolo de notas que começou a distribuir à sua equipa. Não tinha tour manager, nenhum assistente, ele é que tratava dos quartos no hotel, quais os quartos deste e daquele. Aterrou no seu avião particular e deu-nos ali uma aula de showbizz clássico", conta a CEO da Live Experiences. 
Diana Krall e os hábitos
Se há artista que associamos diretamente à história do festival é a Diana Krall. "Atuações que ficam para sempre na memória. A relação da artista é tão forte com o festival que chega ao detalhe de ter adorado o hotel que o festival proporcionou, e sempre que vem, pede para ficar exactamente no mesmo hotel, nas mesmas condições, para voltar a ter o prazer de desfrutar da experiência que é o Ageas Cooljazz, junto ao mar, fresco, cool", explica Karla Campos.
Van Morrison e a situação inusitada
A CEO da Live Experiences conta que Van Morrison é um artista que a organização queria muito no festival. "Demorou, mas conseguimos. E até já veio duas vezes. Na primeira vez, um dos momentos eufóricos de estarmos perto de chegar ao fim do concerto, e o próprio artista sai de palco, a banda continua a tocar e como o artista faz questão de tocar sempre de dia, o público viu o artista a sair de palco, dirigir-se à sua viatura, sair do recinto, isto enquanto a banda continuava a tocar. Em vez de estranheza da parte do público, parece que ainda houve mais entusiasmo pela inusitada situação", descreve Karla Campos.
O desafio a Jéssica Pina
A ligação do festival com o jazz vai para lá do nome. A CEO da Live Experiences conta que "no final da década passada, começámos por convidar trios portugueses para um palco que não existia. Conhecíamos a Jéssica Pina e desafiamos a constituir o seu trio para atuar no festival. Foi tão bom que repetiu no mesmo ano e mesmo no ano seguinte. Foi tudo tão bom que a convidamos para atuar na primeira parte de um artista internacional, mas, entretanto, a Jéssica Pina recebe o convite da Madonna para integrar tour mundial. Tivemos que adiar a estreia da Jéssica Pina no palco principal, mas acabou por acontecer e foi muito bom."
Mark Knoppfler rendeu nove mil euros de solidariedade
"O festival tem desde sempre várias componentes, desde a definitiva importância da sustentabilidade até aos momentos de solidariedade que criamos ao longo dos anos. Um dos anos tínhamos uma guitarra do Mark Knoppfler, dos Dire Straits, para leiloar. A euforia foi tal que acabamos por angariar nove mil euros. Foi uma loucura. Todos satisfeitos no final do dia", descreve Karla Campos.