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19 maio 2022
09:26
Redação / Agência Lusa

Quatro milhões de animais importados para Hong Kong agrava risco de extinção

Quatro milhões de animais importados para Hong Kong agrava risco de extinção
A denúncia surge num relatório da fundação ambientalista ADM Capital.

Quatro milhões de animais de estimação exóticos de 84 países foram importados para Hong Kong entre 2015 e 2019, agravando o risco de extinção de inúmeras espécies, denuncia um relatório da fundação ambientalista ADM Capital.

"Apesar deste comércio não ter sido bem documentado, o crescimento e a diversificação nos últimos anos apontam para uma indústria extensa e rentável", lê-se no relatório “Wild, threatened, farmed: Hong Kong’s invisible pets” (“Selvagem, Ameaçado, Criado: Os animais invisíveis de Hong Kong”), divulgado na terça-feira pela Fundação ADM Capital, que promove a conservação ambiental na Ásia.

Num comunicado enviado aos órgãos de comunicação social, o responsável pelo estudo, Sam Inglis, disse que o comércio destes animais, "rápido e de grande volume”, compreende "centenas de espécies", muitas das quais estão ameaçadas de extinção.

A procura do tracajá, uma tartaruga com manchas amarelas na cabeça que habita sobretudo países da América do Sul, da tartaruga de esporas africana, réptil residente em ambientes quentes, ou da tartaruga-panqueca, espécie nativa da Tanzânia e do Quénia, “acentuam as pressões insuportáveis nas populações selvagens”, notou Inglis.

Segundo o comunicado, os autores chamam também a atenção para o difícil rastreamento dos animais que chegam à região administrativa especial chinesa.

A “reexportação parece ser mínima, com menos de meio milhão a partirem oficialmente da cidade”, o que sugere que “um grande número poderá permanecer nas casas ou lojas de animais” de Hong Kong, “possivelmente muitos terão morrido” e “alternativamente, grandes números” poderão ter sido “contrabandeados para fora da cidade”, lê-se.

Ainda de acordo com o estudo, algumas espécies terão sido vendidas para efeitos de “libertação misericordiosa”, uma prática budista não regulamentada em Hong Kong, praticada na região desde os anos 1940.

“Ao libertar animais cativos na natureza, os praticantes budistas e taoistas acreditam que podem trazer fortuna, longevidade, felicidade, saúde, absolvição de pecados e outros benefícios”, refere-se no documento.

Entre as recomendações dos autores, é proposta a revisão das atuais leis que regulamentam o comércio de animais de estimação exóticos em Hong Kong, que se encontram “desatualizadas, [são] frequentemente vagas, e, em alguns casos inadequadas”.

Os autores apelam também para que seja garantido um “controlo fronteiriço mais rigoroso” e implementados “mecanismos de rastreamento”, como a utilização de microchips.