Nomes como Eric Clapton, Nick Mason ou Peter Gabriel assinam petição contra cancelamento de Roger Waters
Há uma petição que está a reunir uma série de figuras públicas e organizações que quiseram sair em defesa de Roger Waters em relação ao cancelamento do concerto que o britânico ia dar a 28 de maio em Frankfurt, na Alemanha, no âmbito da digressão "This Is Not a Drill", que passou há poucos dias pela Altice Arena, em Lisboa.
No final do mês de fevereiro, as entidades oficiais do estado de Hesse e da cidade alemã de Frankfurt impuseram a proibição do concerto do artista inglês no Festhalle (uma das grandes salas de espetáculos de Frankfurt), com base na acusação de antissemitismo "aparente" ao músico britânico.
O comunicado das entidades alemãs justificou a decisão com aquilo a que apelidou de várias ações hostis de Roger Waters para com o Estado de Israel, entre as quais os seus apelos a outros músicos de boicote de concertos no país judaico ou a comparação que fez das políticas de Jerusalém com o regime racista sul-africano do Apartheid, com base da atuação das forças israelitas contra os palestinianos.
A decisão de cancelar o espetáculo levou à criação de uma petição que já foi assinada por nomes como os músicos Eric Clapton, Brian Eno, Peter Gabriel, Anwar Hadid, Tom Morello, Nick Mason (baterista dos Pink Floyd), a atriz Susan Sarandon, o ativista Cornel West, o linguista, filósofo, sociólogo e ativista político Noam Chomsky ou a organização Jewish Voice For Peace [Voz dos Judeus para a Paz].
A petição está disponível na plataforma Change.org e até ao momento angariou cerca de 12 mil assinaturas.
"Nós, artistas, músicos, escritores, outras figuras públicas e organizações estamos profundamente perturbados com os recentes esforços das entidades alemãs para descredibilizar e tentar silenciar o músico Roger Waters", começa por dizer a petição.
"As entidades na Alemanha, os organizadores dos concertos e as plataformas de música não podem ceder à pressão de grupos ou individualidades que preferem remover a música de Waters do que estarem envolvidos com as questões que a música levanta. Pedimos a quem cancelou o concerto de Waters que reverta a decisão e que pense na sua própria história de antissemetismo, racismo e genocídio e em formas de travar situações dessas nos dias de hoje, em algumas partes do mundo, incluindo a Palestina ocupada".
Segundo avançou, há alguns dias, o jornal The Guardian, o apelo ao cancelamento do espetáculo do artista inglês também foi feito por determinados partidos da Câmara Municipal de Munique, onde Rogers é suposto atuar a 21 de maio. O mesmo aconteceu na cidade de Colónia - sendo que neste caso os responsáveis pela sala onde vai ter lugar o concerto recusaram o cancelamento, alegando "não haver uma base legal" para essa tomada de posição.
A 16 de março, o músico britânico usou as redes sociais para anunciar que vai tomar medidas legais contra a "política de cancelamento", sublinhando que já acionou a equipa de advogados para agir legalmente. "Os meus advogados estão a tomar medidas para garantir que os meus concertos em Munique e Frankfurt, agendados para maio de 2023, aconteçam conforme planeado", começa por escrever Waters no comunicado que publicou nas contas oficiais.
"Os direitos humanos e a liberdade de expressão para todos devem prevalecer sob a lei alemã. É por isso que estou a assumir esta posição. Para garantir que a vontade de alguns não me impeça de atuar em Frankfurt e Munique", refere o músico e ativista. "Estou a dar um passo sem precedentes que é o de recorrer à lei para me proteger das ações inconstitucionais de duas autoridades que parecem confiar nas acusações falsas que foram feitas contra mim, ou seja, que sou antissemita. Quero deixar claro, e de uma vez por todas, que não sou antissemita e nada que alguém possa dizer ou publicar vai alterar isso. As minhas opiniões públicas referem-se apenas às políticas e ações do governo israelita e não ao povo de Israel", afirma ainda Waters.
"O antissemitismo é odioso e racista. Condeno-o da mesma forma que condeno todas as formas de racismo. Não vou insistir no esclarecimento da minha posição. Estou confiante que a verdade e a lei vão prevalecer. As autoridades em causa não vão ser bem-sucedidas a negar o básico em matéria de direitos humanos", acrescentou o músico.