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26 maio 2024
08:34
Silvia Mendes

Foi um meteoro? Não, desta vez foi a Taylor Swift!

Foi um meteoro? Não, desta vez foi a Taylor Swift!
Taylor Swift atua no Estádio da Luz, em Lisboa, no âmbito da "Eras Tour", 2024 MIGUEL A. LOPES/LUSA/EPA
Duas noites de glória no Estádio da Luz. A estreia da norte-americana em Portugal foi inesquecível. Para os fãs e para a própria.

Ontem foi a segunda noite de "glória swiftie" no Estádio da Luz. Duas noites com o estádio e os corações cheios, entre declarações de amor de parte a parte, surpresas em forma de canções e ovações de longos minutos para Taylor Swift que, pela primeira vez, atuou em Portugal. 

O estádio lisboeta, que já foi chão para momentos de glória de outras andanças, foi o chão, desta vez coberto de purpurinas, dos fiéis e eufóricos fãs que quiserem ver de perto este ato glorioso do astro da pop. Um ato que se divide noutros tantos e que, além de glorioso, é historicamente lucrativo. Lisboa foi a terceira cidade europeia a receber a digressão da artista da Pensilvânia que ainda vai andar a passear pelo mundo até dezembro, estando a última paragem marcada para o Canadá.


Passeámos de era em era artística, de álbum em álbum, cada um com a estética, as vivências e o look que os representam. É este o conceito da digressão, que é aclamada por onde passa. "Criei esta digressão com o intuito de reunir as minhas memórias preferidas das digressões que fiz no passado. Coloquei essas memórias num só espetáculo. E agora podemos experienciar essas memórias todos juntos. É por isso que me estou a divertir tanto convosco nesta digressão", contou Swift. 

A "experiência mais extraordinária" da vida de Taylor, como diz a própria sobre a "Eras Tour", tem arrebatado milhares de corações pelo mundo. Agora foi a vez de arrebatar os nossos. E o sentimento foi recíproco. O público que esteve no estádio lisboeta arrebatou a própria Swift, que, logo na primeira noite em Lisboa, gritou "amo-vos", em português, prometendo regressar assim que ponha os pés na estrada em digressão outra vez. "Nós devíamos ter vindo sempre a Portugal. Foi um erro que não voltarei a cometer. Viremos cá sempre ver-vos", confidenciou, na noite de estreia, ao manto de gente que a rodeava no amplo recinto.



"Nunca vos vou esquecer", prometeu. "Nunca vi um público como este na minha vida. Houve momentos em que até me dispersei no que estava a fazer e no que tinha de dizer só para ver a forma como vocês se estão a divertir. Vocês estão mesmo a viver o momento. E isso é muito especial para nós. É muito especial para nós, artistas, podermos trocar olhares e criarmos esta conexão. É mesmo um sonho estarmos aqui convosco nesta noite", confidenciou ontem, na última noite em solo português. "É a última noite que tocamos aqui. Sinto que vocês vieram para conquistar os nossos corações e posso dizer que resultou. A forma como nos trataram em Portugal faz com que sintamos que, de alguma forma, pertencemos aqui. Sentimo-nos em casa", sublinhou Swift entre canções.   

Cada espetáculo da "Eras Tour" é grandioso, desenhado e executado ao mais ínfimo detalhe para transformar a "experiência swift" numa experiência coletiva absolutamente inesquecível. E no fim, há gente rouca, muito feliz, com o coração aos pulos e com boas memórias para guardar. E há, claro, o festivo fogo de artifício que fecha a noite depois de 'Karma', a última canção. 


São cerca de três horas de concerto e quase meia centena de canções (algumas com versões mais curtas). A cenografia é reservada a cada uma das eras e Taylor Swift, às vezes sozinha outras tantas acompanhada pelo carismático grupo de bailarinos, muda de roupa mais de dez vezes. 

Canções dos discos "Lover", "Fearless", "Red", "Speak Now", "Reputation", "Folklore" e "Evermore", "1989", "The Tortured Poets Department" (o álbum mais recente editado em abril) e "Midnights" foram cantadas em uníssono e, mesmo sendo um alinhamento que já todos deviam conhecer de trás para a frente, o público reagia a cada música com efusivo entusiasmo de descoberta. Mas houve surpresas. Há sempre. Na primeira noite, Swift surpreendeu com um segmento onde incluiu 'Come Back... Be Here', 'The Way I Loved You', 'The Other Side of the Door', 'Fresh Out The Slammer' e 'High Infidelity'. Na segunda noite, a cantora foi buscar 'The Tortured Poets Department', que estreou ao vivo, revisitando também 'Now That We Don't Talk'. O Estádio da Luz ainda escutou 'You're on Your Own, Kid' e 'Long Live'.

Taylor Swift, que tem tanto de inatingível como parece aquela amiga que nos conta tudo, orquestrou, com dedicação, entusiasmo e devoção, os milhares de fãs. Muitos portugueses no recinto, é certo, mas também vimos um número incontável de pessoas oriundas de outros países da Europa e até continentes mais distantes. Muitos fãs dos Estados Unidos. Mesmo muitos! Conclusão? Não há longe nem distância para viver esta experiência e a capital portuguesa foi o ponto de encontro dos swifties nos últimos dois dias.

"Lisboa, bem-vinda à 'Eras Tour'", gritou, às tantas, a norte-americana, de sorriso e braços abertos, parecendo querer abraçar todos os swifties que tinha à frente. Ou, quem sabe?, se pudesse, trocar uma mão-cheia de pulseiras da amizade com eles. Não podendo trocar com todos, houve, contudo, duas felizardas (uma por noite) que ficaram com o famoso chapéu que Taylor oferece durante o segmento de "Red". Em troca, as duas fãs ofereceram a Taylor as suas pulseiras da amizade - os fios, feitos de missangas e de bons sentimentos, que os une.  


Os gritos e algumas exclamações eufóricas iam ecoando pelo estádio a cada interação da cantora com o público ou quando Swift ia buscar mais uma canção ao alinhamento para lhe dar textura ao vivo. E, claro, cada canção com a sua textura, com a sua história e no seu ambiente emocional. Houve a natural euforia coletiva mas também houve momentos que, graciosamente, foram envolvidos numa bolha mais pessoal e intimista. A proximidade acontecia, sobretudo, quando a norte-americana cantava ao piano ou segurava a guitarra. 

A "Eras Tour" relata-nos, com quase 50 canções, as vivências de Taylor Swift e as histórias que a cantora e compositora quer contar. E nem sempre o caminho foi feito em tons de algodão doce. Também houve momentos maus, acesas polémicas ou estilhaços de coração partido. Mas o coração reinventa-se. E Taylor usa as más experiências como a mais pura matéria-prima para escrever. Canta para espantar todos os "males" e, quando o faz, redobra a força. Swift regista a vida - e a forma como a perceciona - nas canções. Assume-a na atitude, nas dúvidas, nas certezas, nos sonhos e nos discos que orgulhosamente celebrou nas duas noites.  O melhor de tudo? Inspira o mundo a fazer o mesmo.    

Antes do primeiro concerto, Inês, de 15 anos, disse-nos que a Taylor Swift a ajudou nos momentos em que estava "mais triste". "Ajudou-me muito. As músicas que ela escreve ajudam-me a ficar feliz. Acho que vai ser uma das melhores noites da minha vida", confidenciou-nos, com um sorriso de orelha a orelha, antes de entrar no recinto. Não encontrámos a Inês no final mas não duvidamos do desfecho. Terá sido certamente uma das melhores noites da vida desta jovem fã e de todos os que estiveram na Luz. E, acreditamos nós, que assim será no próximo encontro. É que no espaço cósmico da pop, Taylor Swift é muito mais que um fenómeno luminoso por onde passa. É uma estrela, feita de massa artística sólida e brilhante, que permanece. E permanecerá.


 

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